Madeleine Peyroux - J'ai deux amours
Finjo não ver o vento balançar
rochas nuas encasteladas,
sobrepostas à delicadeza
da tua taça de rubiácea.
Se ao menos o café parisiense rasgasse
este coração à deriva e colhesse
o malmequer cansado dos dias
convicto, eu desvelaria outras sombras.
Lá a indiferença dos teus afagos
colados à sombra do teu chão,
e perto dos meus lábios, existiria,
na tentação absoluta que tu não vês.
Além das blandícias das peles
e das mulheres, na angústia
de brumas tangíveis,
eu desbarataria a solidão barricada.
Por entre os dedos, resignado,
nada em mim te repele.
Confesso, sobrevivo aos mistérios
do meu café parisiense.
Lá noites estreladas prolongam
a melodia dos teus olhos castanhos,
hálito de anjos, que as palavras criam.
rochas nuas encasteladas,
sobrepostas à delicadeza
da tua taça de rubiácea.
Se ao menos o café parisiense rasgasse
este coração à deriva e colhesse
o malmequer cansado dos dias
convicto, eu desvelaria outras sombras.
Lá a indiferença dos teus afagos
colados à sombra do teu chão,
e perto dos meus lábios, existiria,
na tentação absoluta que tu não vês.
Além das blandícias das peles
e das mulheres, na angústia
de brumas tangíveis,
eu desbarataria a solidão barricada.
Por entre os dedos, resignado,
nada em mim te repele.
Confesso, sobrevivo aos mistérios
do meu café parisiense.
Lá noites estreladas prolongam
a melodia dos teus olhos castanhos,
hálito de anjos, que as palavras criam.
(José Carlos Sant Anna)