Só comigo
acontecem essas coisas:
contar meus segredos
ao relógio de parede.
Pode não ser o fim do mundo,
mas é no mínimo inusitado.
É o que me diz
o terapeuta
no momento em que a tarde
esplende do lado de fora
e os antigos amigos
sem subterfúgios transitam
como um barco
sem subterfúgios transitam
como um barco
pelas avenidas da minha memória
às vezes, agitados,
outras,
outras,
pousando
nos bares como aves lerdas
para fugirem do tédio
Tudo porque não têm
um relógio de parede
fatigado
fatigado
ruflando suas asas
para a vastidão das coisas finitas
coisas que nos aguardam nas esquinas
como as rosas de maio
ou as linhas da vida esculpidas
nas palmas das mãos
sem que nos digam o que somos...
(José Carlos Sant Anna)
(José Carlos Sant Anna)
Lindo! Mas desculpe meu amigo, tive de rir, é inusitado, sim! Ri porque na medida que leio vou imaginando a cena, porém, a gente só conta nossos segredos para quem temos confiança e carinho. Também converso com umas coisinhas que gosto, mas ainda não lembrei de contar segredos. Gostei muito desse teu poema e de todos que li aqui, pelas tuas ideias, construções, ritmo e melodia.
ResponderExcluirbeijo, amigo,uma ótima semana!
Esqueci... o vídeo conheço, acho lindíssimo esse casal Miguel Zotto e Daiana Guspero numa bela milonga! Os passos, o ritmo é fantástico. Parabéns pela escolha.
ResponderExcluirbj
Falar com o que nos rodeia.Soltar ao vento a intensidade dos pensamentos. Deixar que os amigos se passeiem pela lembrança. Intuir os contrastes do que queremos ser e somos. Com todas as fragilidades. Com todas as coragens. É aqui, neste poema, que o Poeta desenha as memórias no sobressalto com que se escreve...
ResponderExcluirMuito bom, meu Amigo. E gostei imenso do vídeo.
às vezes faz bem
ResponderExcluirfalarmos com o vento
e relembrar o tempo
com amigos e o momento
às vezes faz bem ter memórias bem vivas
em nossa mente
beijinhos
:)
Fiquei intrigada com o título, mas acho que são sinais do
ResponderExcluircaminho da originalidade, arte e melodia a nos surpreender,
como o tango escolhido que é fascinante e original em
percurso de dança-coreografia, o poema surpreendente
no caminho das palavras, transportando sentires em
dança-coreografia, de um diálogo existencial, que nos
toma pelos braços dos ponteiros do relógio da vida e
esculpi a poesia e nestas linhas das mãos
inscreve em ti, o poeta.
Com a poesia, as palavras criam asas a ficarem
infinitas em voo!...
Adorei, Jose Carlos.
Beijo.
Muito bom o poema. Gostei também do vídeo. Eles dançam muito.
ResponderExcluirDesejo que o mês de setembro seja de muitas bênçãos em sua vida.
Abraços!
Um ótimo fim de semana!
Olá, José Carlos!
ResponderExcluirContar os segredos a um relogio de parede é bem melhor do que contar a algumas pessoas porque elas podem contar os nossos segredos a outras. O relógio, desde que bem cuidado é um fiel amigo e nunca vai andar por aí espalhando tudo o que sabe rsrs
Bom final de semana.
Beijos
¡Hola Carlos!!!
ResponderExcluirCreo que no eres tú sólo el que tiene ese reloj de pared... Pues si es muy servicial y mejor amigo para alguna ocasión.
Si quieres que nadie deba saber algo que tú lleves bien guardado y no quieres que se airee, cuéntaselo a tu corazón, te consolará y no dirá nada a nadie.
Me han gustado mucho tus versos con ese pizco de buen humor e ironía.
Estuve ausente un tiempo y ya estoy de vuelta, me da alegría visitar la buena gente.
Un abrazo y mi gratitud, por tu buen hacer.
Se muy -muy feliz.
Por vezes só mesmo com o relógio podemos contar.
ResponderExcluirBom fim-de-semana, amigo!
Re-ler e agradecer suas visitas e seus comentários que me deixam muito feliz.
ResponderExcluirobrigada!
:)
Ora viva, caro José Carlos.
ResponderExcluirEssa da confissão ao relógio (próprio) não lembra ao diabo. Há vício de forma creio e receio que a terapia não surta o efeito desejado pois o acumular das horas sai viciado. Embora o poeta diga verdades a si próprio no confronto com o seu próprio tempo.
Abraço.
Caro José Carlos
ResponderExcluiro teu relógio de parede deve ser bem especial, desses a funcionar pilhas, sempre sem quebra de energia
eu bem tento com meu velho relógio de pêndulo (velho com mais de duzentos anos), mas não liga nada ao que lhe digo...
e ainda por cima, amua de vez em quando!
vc dá-se conta da sua sorte?
o poema é excelente e vc diz sempre coisa séria, mesmo sorrindo.
forte abraço. meu amigo
Falar com o relógio... como escape para a solidão...
ResponderExcluirDe facto... para tanta e tanta gente... só ele nunca falha... estando sempre lá...
Um belo poema, que ameniza a tristeza da solidão, com um toque de humor...
Abraço
Ana