terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
UTOPIAS II
Se eu soubesse quase a desistir
o que o olho da agulha vê,
furtivo,
entre o tecido e a linha,
ao se dar à luz a forma do vento
Se eu soubesse quase a enxergar
o momento em que a íris
respira pelos beirais do manto
e depois, também, ao longo do dia
como se a primeira vez fosse,
até em braile eu lhes contaria...
Ah, se eu soubesse.... Se eu soubesse...
(José Carlos Sant Anna)
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
UTOPIAS I
I
É inútil fingir se acaso
as amêndoas nas minhas mãos fossem
sílabas catadas no chão do teu corpo
não estaria eu agora
limpando
meus óculos com a bainha da camisa.
(José Carlos Sant Anna)
sábado, 10 de fevereiro de 2018
Carnaval
Candido Portinari - Década de 40 - Arlequins
Onde ele se vê da solidão
as lâminas de barbear
esquecidas
não fazem
nenhuma falta
e tudo o que não é
nos pés
aliviados, no insondável poço,
e no ar que se esvai
a praguejar contra as tintas momescas
empapadas de suor acrilírico
e a encenar uma farsa voluptuosa
não o deixando esperar com mãos imbecis
não o deixando esperar com mãos imbecis
um furtivo ataque
de nervos
ou um ruído de água no regador
para sair desse flagelo labiríntico
porque se nega ouvir o inominável grito:
"já é Carnaval cidade, acorda pra ver!"
"já é Carnaval cidade, acorda pra ver!"
(José Carlos Sant Anna)
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