A chama do sol em
diagonal e o ócio se conjugam,
se enamoram e ficam imersos. Não é união
duradoura, estável. É nuvem passageira.
Por outro lado, eu não consigo desvendar a sombra
em que eles vivem no ar limpo da manhã porque
eu não mereço essa onda de calor.
Sou um olhar frio,
distante, para as notícias que leio.
Antes de as ler, já sabia envelhecidas. E nunca
saberei em que momento me perdi, mas os restos
de poeira da estrada ainda são visíveis,
como o sabor do queijo de cabra, o fruto proibido,
a relva molhada, as falésias. O labirinto, que me fazia
subir e descer à toa com o peito aberto, sem prender
a respiração, desapareceu do mapa,
enquanto, arfando, desperta à minha curiosidade
o brilho do olhar da lagarta no tronco da árvore.
E entre o tudo e o nada, a palavra.
Sempre achei que
estava de passagem ao sentir
o céu em sua
transparência e que, sob a minha pele,
uma fonte lateja, o
que me leva a escutar um rumor
desaparecido que, no cálice, é um vinho envelhecido
e, também, é o meu silêncio. Portanto, reconheço
que a moça tinha razão quando certa vez me disse:
A vida é um caminho sem volta.
(José Carlos Sant Anna)
Bonitas palavras!
ResponderExcluirBjxxx
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"A vida é um caminho sem volta". - eis uma grande verdade!
ResponderExcluirMergulhamos nela antes de nascer, protegidos pela bolsa âmnio e o líquido amniótico é o nosso habitat....Se não formos expulsos, daremos continuidade a grande viagem protegidos por uma carcaça muitas vezes cobiçada na paixão. Achei interessante você dizer que antes de ler as notícias já sabe que estão envelhecidas. Tenho essa percepção também.
Parabéns pela poesia contida nessa crônica maravilhosa, poeta,
Beijinhos
"A vida é um caminho sem volta."
ResponderExcluirPor essa razão devemos fazer o nosso percurso com calma, devagarinho e atentos às pedras do caminho.
Tão bela a sua reflexão acerca das coisas que fazem parte da sua caminhada, amigo José Carlos. Gostei imenso, já li duas vezes e voltarei mais vezes para o reler, saboreando bocadinhos pequenos de queijo de cabra - que adoro - e sentindo o aroma de tudo o que está à sua volta.
Muito grata por estes doces momentos.
Um beijo amigo.
"A vida é um caminho sem volta."
ResponderExcluirQue bonito, quanta verdade!! Penso que muitos sabem disso, mas vão tocando a vida de várias maneiras, de preferência aquelas dos caminhos mais fáceis. Ao chegarmos na metade da caminhada, começamos a pensar se estamos no caminho certo. Acredito que o mais fácil é um caminho sem ostentações, sem malandragens, sem mentiras e com os pés no chão, um caminho mais de amor e umas boas pitadas de humildade, pois na verdade, somos muito pequenos diante de muitas coisas. É verdade, querido amigo, nós estamos de passagem, sim, e somos as únicas criaturas a saber da finitude, e isso já tira muito do encanto.
Uma ótima semana, cuide-se,
beijo, amigo!
Por eso hay que vivir intensamente cada minuto.... Saludos amigo
ResponderExcluirEntre o tudo e o nada, a palavra. E o silêncio. Como um vinho envelhecido e gostoso. Neste caminho sem volta onde estamos de passagem qual nuvem passageira, sentimos o céu em sua transparência.
ResponderExcluirComo não usar as suas inspiradoras palavras para o comentar? Tão belo, o poema, meu Amigo José Carlos!
Muita saúde.
Um beijo.
Passando para desejar uma boa semana!
ResponderExcluirBjxxx
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Olá, amigo José Carlos, confesso que ao ler esse seu belo trabalho senti-me fazendo uma disputa de tênis de mesa com o campeão japonês. A bolinha branca ficava invisível na disputa entre os atletas, mantendo-se sobre a pequena mesa em que pese a grande velocidade, que passava de um lado para o outro. Então fiquei me perguntando: lendo esta crônica poética do amigo Sant'Anna, onde estava eu como leitor, na mesa como a bolinha de ping-pong ou como expectador da partida que mal acreditava no feito dos dois atletas. Mas não era eu um dos atletas?
ResponderExcluirMas, talvez a conclusão desse jogo de mesa pode ser essa: José Carlos quando quer brinca com as palavras como se jogasse a referida partida.
Parabéns pelo texto, uma ótima quinta-feira.
Grande abraço.
Interessante essa relação entre o ócio e o sol. A minha ideia do ócio é o da contemplação e enamorar-se é quase instintivo quando temos essa chama para nós, inclinada... E o poeta Sant Anna descreve com beleza e encanto o labirinto das emoções que provoca 'o tudo o nada, a palavra' e é bem isso. E nos faz refletir se a vida é mesmo esse caminho sem volta.. Ela tem tantos desvios e como dizem dá tantas voltas que ir e voltar,pode ser em quantas vezes quisermos. Lendo a jornalista Téta Barbosa no blog do Noblat ela fala de outros caminhos_'O caminho de volta', explica que não é necessariamente geográfico e sim o retorno interior _ a volta a coisas que não se fez e ainda dá tempo de faze-las _ os tais desvios de rota para encontrar _O próprio caminho. Os próprios olhos.O próprio coração e as próprias pernas para chegar onde quer chegar. Lá ou Aqui, ( mais ou menos assim) ,
ResponderExcluirE o envelhecido vinho,o repetido silêncio(tão apreciado), a chuva molhando de novo e de novo a relva,pode causar uma conversão nas nossas vidas Nosso sentir não precisa ser complexo ,talvez só mais ouvidos para ouvir, olhos para ver.
Mas com certeza a melhor filosofia de vida ainda é a do poeta Albano Martins que diz e que a 'vida é essa magnifica invenção da morte' Aí, sim não temos mais nuvens a desfazer e nem prováveis linhas de fuga...
Muito bonita a sua poética, JC seu estilo é inconfundível e a gente ama muito,
Abraço da Lis
Passando, lendo um texto lindíssimo, poeticamente falando, elogiando e deixando votos de um Feliz fim-de-semana.
ResponderExcluir.
Pensamentos e Devaneios Poéticos